segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Teardrop - Massive Attack

O escuro predomina. Não é aquele escuro calmo. É um escuro medonho, aspirador, que parece que nos vai sugar pedaços de sanidade. A ansiedade consome-te, o teu coração, outrora relaxado, bate a velocidades por segundo. Tremes desaustinadamente. Vomitar. Algo não está bem, já deu para ver. Encolhido por causa da úlcera dilacerante e do frio dos 30 graus. É muito mais difícil falar do que pensar. Tremes. O teu raciocínio é um vórtice de horrores, todo e qualquer pensamento é canalizado para um fundo negro e não muito confortável. Vomitar. Os objectos outrora expostos de forma lógica e de bem para o olho nu parecem agora mal encarados e disformes. Tremes. E tu que não consegues fazer mal a ninguém. Tens várias vezes medo de morrer. Vomitar. Não pode ser a falar que a gente se entende, eu não consigo falar! É demasiado fácil pensar. Pensas muito, muito. Tremes. O nervoso mata-te, pior, destrói-te. “ Todo o dia em casa e não sais daí”. Vomitar. O tempo perde o sentido, é inútil. Todos os teus resquícios de alma estão alterados. Estômago, cérebro, coração. Estão todos a trabalhar a uma rapidez irada. Alguém subiu o nível e isto está fora de controlo. Vomitar. Bebes chá. O chá ajuda, mas não é mais forte que tu. Tremes. Estás nervoso. Nervoso ao ponto de roeres carne na vez de unha. Vomitar. As paredes tendem a aproximar-se a cambalear. O tecto, esse, nem é bom olhar. Um besouro gigante diz-te para teres calma. Os besouros sempre foram cabrões. Tremes. Vomitar.


Teardrop - Massive Attack
 
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