segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Triste Metáfora Sem Conteúdo Intelectual

Está frio como os azulejos. E o frio está sempre a chocar contra ti, bem decidido. Tu pouco mais podes fazer do que pôr a tua deprimência a agasalhar-te, não queres ficar sem condizer com o tempo. E o frio tem tanto frio dele que se agasalha em ti. Quem começou isto fui eu, o tempo depois é que foi atrás. Enfim, não há muito de poético no gelo em forma de ar (que acredito estar violar as leis da física ou da química) a petrificar o pouco do sangue que tinhas guardado do calor para andar este Inverno. Em casa o ar é pior ainda. Só que pelo menos não me molho. A chuva! A chuva é outra, que anda aí para nos dizer o quão sensíveis somos (andamos sempre a escondê-lo). Basta uma pinga para mudar-mos a pressa ou a conversa - olha! caiu-me um pingo - e a mim que me importa se foi a ti que caiu um simples pinguinho, picuinhas (havia de ser a mim que já estava a chorar, mas isso não conto eu) - olha! outro pingo, está a chover! - se não estiveres numa banheira é a conclusão mais provável, corre, corre! De qualquer maneira as conversas sobre o tempo são sempre as mais enfadonhas. Deve haver uma forma de escapar a isto e pelo menos aquecer as mãos por um minuto, um minuto que seja. Só que eles não a dizem. Os que estão a gostar. Esses não apanham o grizo, nem as frieiras que a mim me agarram a rodos. Esses não chegam desertos para chegar outra vez. Chegam quando chegam e vão pra voltar pouco. Os que estão a gostar. Eu hei-de gostar, mas os azulejos até no calor são frios. Mas, nessa altura sabe bem encostar-me a eles.
 
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