quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mas que...

Ele não serve p’ra nada
É rara a vez em que possui carisma ou algo incessante
O seu eu foi morto há mais do que a sua nascença
E há muito deixou de ser flamejante
Pois que tudo o que quer morre ou mata
E nunca conseguiu o que quis
Vive titubeando em chinelos ou pouca força
E ambos sabemos que nunca foi feliz
Começa a maioria dos seus versos pela letra “E”
Não chega para melhor coisa
Lamenta que os outros lamentem
Mas é ainda o que ele faz melhor
Um cão que nem ladra nem morde
Produto de nada com entulho
Enquanto ouve delicadamente o sibilar de velhos troncos poisados
Nem se apercebe do resto do barulho
Se as pessoas tivessem preço, ele seria de graça
Pois é o ócio que o consome, inércia da almofada
Apela que um dia melhore, e talvez grite para mudar
Mas no fundo sabe que na verdade,
Ele não serve mesmo p’ra nada.
 
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