quarta-feira, 10 de março de 2010

Outra metáfora de merda

“Irão as coisas voltar a ser como dantes?” – não me parece, de todo. O facto é que as coisas nunca são como dantes. Houve esta pessoa que conheci, em alguma noite, que trouxe à mente “irão as coisas voltar a ser como dantes?”. Era perfeita, por completo. Eu podia descrevê-la mas, caros leitores, a perfeição não se descreve. Por mais que queiras. Forasteiramente era bela do alto de seu metro e sessenta e pouco, o cabelo a lembrar um fantástico cruzamento entre uma maçaneta doirada e um pequeno puxador em inox, dentes perfeitos brancos de iogurte e com os dois primeiros maiores e mais malandros, os olhos eram de um castanho óbvio e chocante, o nariz com a pontinha a curvar ligeiramente para cima, pequeno, lábios matreiros rosas sem baton, seios impecáveis em tudo o que a impecabilidade pode ser, a pele de veludo e suave como tudo, o toque era tão bom como o cheiro a puxar montanhas de excitação. Tudo isto é escasso e baço mesmo que tentem imaginar ao pormenor, foi tudo melhor, foi perfeito. O momento foi toda uma embriaguez de sensações e estímulos nunca antes experienciados por alguém (e isto sei-o de fonte segura). As cicatrizes, ainda as vejo embora já tenham ido com o tempo. Sinto-as sempre que passo a mão pelo pescoço. E é depois de ter sido estrangulado por ela que pergunto “irão as coisas voltar a ser como dantes?”
 
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