terça-feira, 21 de abril de 2009

Por: Vargas

Sento-me porque sentir de pé dói mais. Sento-me e olho para as paredes que quietas não tem mais nada para me oferecer que não os meus próprios pensamentos. Eu costumo sentir enquanto penso. Corrigindo, costumo sentir-me mal enquanto penso. Seja lá consciente, inconsciente, subconsciente, não sei quê, o facto é que me provoca dor. Levanto-me (escrever não vai adiantar) porque levantado posso esmurrar melhor a mesa de madeira que não se aleija com o meu sofrimento fisicamente exposto a ela neste momento. Calhando sou dos acabrunhados e não arranjo uma saída melhor que o pensar, que é tão seguro e na pior das hipóteses magoa a minha mão (e não a mesa de madeira) que vai ficando vermelha por causa da violência cobarde de bater em objectos inanimados. Talvez eu só pense que me sinto mal. Com sorte eu não sinto nada e é só o cérebro condutor de explosões que me prega estas partidas. A mim, às paredes e à mesa de madeira. Sento-me porque estou exausto. É difícil decidir se é egoísmo ou altruísmo estar apenas e só subordinado aos meus sentimentos pensados que rara a vez conto ao papel. Não prejudico ninguém (exceptuando a minha pessoa), é facto, mas acabo por não beneficiar alguém sequer também. Vou-me considerando um herpes humano que já não está sentado nem em pé, que não luta porque não sabe como se faz, que se lamenta porque é o melhor que consegue. Não sou mártir nem vítima, não sou exemplo ou explicação. Sou fraco, e hoje admito-o.





Texto escrito e gentilmente cedido por Vargas do Bangladesh

1 comentário:

Anónimo disse...

Volta a escrever Pedro!!

 
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