terça-feira, 15 de junho de 2010

A Triunfal vida de Olegário da Silva Soalho

Às vezes Olegário da Silva Soalho passeava e deambulava pelo sereno pensamento de não fazer um rabo. Era bom, era giro e até aprazível esse pensamento que o consumia durante cerca de uma catrefada de tempo. A sério, ele até se sentava à mesa da preguiça tendo um belo diálogo mudo, o qual conseguiam enriquecer com nada. Passava por volta de uma eternidade naquilo, e até quase que pensava em movimentar-se. Poder-se-ia pensar que era um sujeito em estado vegetal, mas não, era puro divertimento em não mexer um neurónio que fosse, quanto mais o mais pequeno tecido muscular, abrir a boca só para bocejar.
Até que um dia decidiu, milagre, Olegário decidira alguma coisa. Fez um blogue na interweb, daqueles variadíssimos blogues onde nada se diz das mais diversas formas, e pessoas da mesma presença de espírito que Olegário, quase inexistente, davam o seu parecer acerca de textos absurdos e incongruentes mas aparentemente muito profundos. Daqueles que na verdade nada acrescentam ao intelecto humano mas assim parecem fazer. Esse blogue foi seguido durante um eternidade, cerca de duas semanas, até que o esforço intelectual leva Olegário a um esgotamento, nem intelectual nem muscular, um esgotamento total, e pela primeira vez foi verdadeiramente o vegetal que nascera para ser, o puro exemplo de marasmo. É verdade, tenho que admitir que escrevi este texto sumptuoso só para ter onde aplicar o termo "marasmo" e até mesmo "sumptuoso", só por serem palavras engraçadas e que não se vê por aí à biqueirada. Continuando a narração dos acontecimentos extremamente interessantes, tornara-se um vegetal, com vegetal entenda-se que estava vivo apenas por ter sinais vitais, o resto estava bom para os abutres, talvez fosse aquilo a que banalmente se denomina de morte cerebral. Mas se reparar-mos bem ele nunca esteve muito vivo a nível cerebral, portanto o termo morte cerebral não me parece muito adequado, vegetal está melhor, que vos parece?
As pessoas que seguiam o blogue estranharam a sua ausência e enviavam cartas electrónicas, nas quais faziam questão de mostrar o seu apreço, também gosto muito desta palavra, pelo autor de tão inaceitável coisa colocada na interweb. É o que acontece à maioria dos que acham que escrevem, nunca possuíram grande inteligência, ou algo que o valha, no entanto acham que são profundos e até mesmo artísticos, duas palavras que me irritam genuinamente pela sua banalização. Mas o fim de Olegário foi um misto de profunda alegria e tristeza, os inteligentes livraram-se de mais um reles gorgulho e os ignóbeis assim continuaram, mas mais tristes.


Texto escrito e gentilmente cedido por Carlus Ferraxius, Imperador de Roma

7 comentários:

Pedro Durão disse...

Sem dúvida o melhor de 2010

Anónimo disse...

fabuloso

Anónimo disse...

sumptuoso

nº2 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
nº2 disse...

"É verdade, tenho que admitir que escrevi este texto sumptuoso só para ter onde aplicar o termo "marasmo" e até mesmo "sumptuoso", só por serem palavras engraçadas e que não se vê por aí à biqueirada. Continuando a narração dos acontecimentos extremamente interessantes, "

esta parte tá engraçada, o resto achei uma crítica secante. lol.
escreve-se "repararmos" e não "reparar-mos". (a não ser que estivesses a falar dos teus colhões)

Anónimo disse...

conjugação do verbo reparar no infinitivo pessoal:

eu reparar
tu reparares
elereparar
nós repararmos
vós reparardes
eles repararem

Anónimo disse...

foi das piores coisinhas que ja li neste blog

 
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